terça-feira, 13 de setembro de 2011

Karl Marx & Friedrich Engels - Manifesto do Partido Comunista

 
MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA (1848) – KARL MARX & FRIEDRICH ENGELS

I.Burgueses e Proletários[1]

A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história da luta de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o opressor e o oprimido permaneceram em constante oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária ou pela destruição das classes em conflito.
(...)
Até agora todas as sociedades se basearam, como vimos, no antagonismo entre classes opressoras e as oprimidas. Mas para oprimir uma classe é preciso que lhe sejam asseguradas ao menos condições tais que lhe permitam uma existência de escravo. O servo, durante a servidão, conseguia tornar-se membro da comuna, assim como o pequeno-burguês, sob o jugo do absolutismo feudal, conseguiu elevar-se à categoria de burguês. O operário moderno, ao contrário, em vez de elevar sua posição com o progresso da indústria, desce cada vez mais abaixo das condições de existência de sua própria classe. Cai no pauperismo que cresce ainda mais rapidamente do que a população e a riqueza. Torna-se, então, evidente que a burguesia é incapaz de continuar sendo a classe dominante da sociedade, impondo como lei suprema suas próprias condições de existência. É incapaz de exercer seu domínio porque não pode mais assegurar a existência de seu escravo em sua escravidão, porque é obrigada a deixá-lo cair num estado tal que deve nutri-lo em lugar de fazer nutrir por ele. A sociedade não pode mais existir sob o domínio da burguesia, em outras palavras, a sua existência doravante é incompatível com a sociedade.
A condição essencial para a existência e o domínio da classe burguesa é a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na concorrência entre trabalhadores. O progresso da indústria, cujo agente involuntário é apropria burguesia, substitui o isolamento dos operários, resultante de sua competição, por sua união revolucionária, resultante de sua associação. O desenvolvimento da indústria moderna, portanto, abala a própria base sobre a qual a burguesia assentou seu regime de produção e apropriação. O que a burguesia produz principalmente são seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.

IV. A Posição dos Comunistas em Relação aos vários Partidos de Oposição

(...) em toda parte os comunistas trabalham pela união e entendimento dos partidos democratas de todos os países.
Os comunistas não se rebaixam em dissimular suas ideias e seus objetivos. Declaram abertamente que seus fins só poderão ser alcançados pela derrubada violenta das condições sociais existentes. Que as classes dominantes tremam diante da revolução comunista! Os proletários não têm nada a perder senão sues grilhões. Têm um mundo a ganhar.
Proletários de todos os países, uni-vos!

Harold J. Laski – O Manifesto Comunista de Marx E Engels. Tradução de Regina Lúcia F de Moraes, Rio de Janeiro, Zahar Editores 1978, pp.93-94, 104-105 e 124.




[1] Por burguesia entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado, a classe dos assalariados modernos que, não tendo meios próprios de produção são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviverem. (Nota de F.Engels à edição inglesa de 1888).