quinta-feira, 17 de junho de 2010
2º ano/Michel Foucault
terça-feira, 8 de junho de 2010
1º ano/ Introdução à Filosofia da Arte - Nietzsche (Pintura/Escultura)
1º ano/Introdução à Filosofia da Arte - Nietzsche
quinta-feira, 20 de maio de 2010
3º ano/ Filosofia e Religião
O bem e o mal
As religiões ordenam a realidade segundo dois princípios fundamentais: o bem e o mal (ou luz e a treva, o puro e o impuro).
Sob esse aspecto, há três tipos de religiões: as politeístas, em que há inúmeros deuses, alguns bons, outros maus, ou até mesmo cada deus podendo ser ora bom, ora mau; as dualistas nas quais a dualidade do bem e do mal está encarnada e figurada em duas divindades antagônicas que não cessam de combater-se; e as monoteístas, em que o mesmo deus é tanto bom quanto mau, ou, como no caso do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, a divindade é o bem e o mal provém de entidades demoníacas, inferiores à divindade e em luta contra ela.
Marilena Chauí, Convite à Filosofia. São Paulo, Editora Ática, 1999, p.298 e 303
1º ano/O Amor
3º ano - A Liberdade
sexta-feira, 23 de abril de 2010
1º ano/Introdução ao Empirismo
2º ano/ ÉTICA
quarta-feira, 14 de abril de 2010
2º ano/ÉTICA
Sem uma discussão lúcida sobre a ética não é possível agir com ética
Marcia Tiburi
O que falta na abordagem sobre ética é justamente o que nos levaria a sermos éticos. Falta reflexão, falta pensamento crítico, falta entender “o que é” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que a ética inicia. Para que ela inicie é preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor, e chegar à reflexão ética. Aqueles que expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, crêem-se como antecipadamente éticos porque emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à política, à miséria ou à violência, passam e tudo continua como antes. A passagem das emoções indignadas para a elaboração de uma sensibilidade elaborada que possa sustentar a ação boa e justa - o foco de qualquer ética desde sempre - é o que está em jogo.
Falta, para isso, entendimento. Ou seja, compreensão de um sentido comum na nossa reivindicação pela ética. Falta para se chegar a isso, que haja diálogo, ou seja, capacidade de expor e de ouvir o que a ética pode ser. Clamamos pela ética, mas não sabemos conversar. E para que haja ética é preciso diálogo. E por isso, permanecemos num círculo vicioso em que só a inação e a ignorância triunfam.
Na inanição intelectual em voga, esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas. Nem estes podem ajudar muito, pois desconhecem ou evitam a profundidade da questão. Há, neste contexto, quem pense que ser corrupto não exclui a ética. E isso não é opinião de ignorantes que não freqüentaram escola alguma, mas de muitos ditos “cultos” e “inteligentes”. Quem hoje se preocupa em entender do que se trata? Quem se preocupa em não cair na contradição entre teoria e prática? Em discutir ética para além dos códigos de ética das profissões pensando-a como princípio que deve reger nossas relações?
Exatamente pela falta de compreensão do seu fundamento, do que significa a ética como elemento estrutural para cada um como pessoa e para a sociedade como um todo, é que perdemos de vista a possibilidade de uma realização da ética. A ética não entra em nossas vidas porque nem bem sabemos o que deveria entrar. Nem sabemos como. Mas quando perguntamos pela ética, em geral, é pelo “como fazemos para sermos éticos”, que tudo começa. Aí começa também o erro em relação à ética. Pois ético é o que ultrapassa o mero uso que podemos fazer da própria ética quando se trata de sobreviver. Ética é o que diz respeito ao modo de nos comportamos e decidirmos nosso convívio e o modo como partilhamos valores e a própria liberdade. Ela é o sentido da convivência, mais do que o já tão importante respeito do limite próprio e alheio. Portanto, desde que ela diz respeito à relação entre um “eu” e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, sua vida, sua potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-lo.
A Ética permanece, porém, sendo uma palavra vã, que usamos a esmo, sem pensar no conteúdo que ela carrega. Ninguém é ético só porque quer parecer ético. Ninguém é ético porque discorda do que se faz contra a ética. Só é ético aquele que enfrenta o limite da própria ação, da racionalidade que a sustenta e luta pela construção de uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade. Mas esta é mais do que satisfação na vida privada. A felicidade de que se trata é a “felicidade política”, ou seja, a vida justa e boa no universo público. A ética quando surgiu na antiguidade tinha este ideal. A felicidade na vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual cresce a ignorância - depende disso.
Por isso, antes de mais nada, a urgência que se tornou essencial hoje – e que por isso mesmo, por ser essencial, muitos não percebem – é tratar a ética como uma trabalho da lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para isso é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista.
* Publicado no Jornal O Estado de Minas, Domingo, 22 de abril de 2007
1º ano/Imagem crítica da Filosofia
sábado, 10 de abril de 2010
1º ano/Imagem crítica da Filosofia
Inventores da palavra “filosofia”, os gregos não se teriam enganado. Se é preciso pensar bem é para viver melhor. Considerando o vício como desconhecimento da virtude, o platonismo fundou no pensamento ocidental a idéia segundo a qual “ninguém age mal voluntariamente” – formulação a que corresponde “ninguém erra por deliberação”. Se a medicina se encarregou de curar o corpo, à filosofia coube ser o consolo da alma aflita: “não é necessário fingir filosofar” dizia Epicuro, “mas efetivamente fazê-lo, pois temos interesse não em aparentar boa saúde, mas (em) de fato tê-la. (...) Nunca é cedo, tampouco tarde demais para cuidar da saúde da alma”. Nietzsche também dizia serem os artistas e os filósofos os médicos da civilização. A filosofia forma almas fortes pelo exercício da análise de si e do pensamento autônomo.
Epicuro considerava a filosofia não como instrução ou aquisição passiva de informações, mas uma atividade que, através de um generoso sentimento, a philia (amizade), ultrapassa a dimensão da sabedoria contemplativa e se expande em amor à humanidade. O logos filosófico traz a verdade iluminadora: é o discurso que se faz pharmakon, remédio que dissolve crenças e superstições – fonte do medo e dos males da alma. Seu objetivo “não é instruir os homens, mas tranquiliza-los”.
O pharmakon filosófico é o discurso terapêutico que busca a autarquia da alma e do corpo, o domínio da dor do corpo e da alma pela filosofia: “nunca se adie o filosofar quando se é jovem, nem (se) canse de fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora do filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz”. A noção de felicidade, por mais indeterminada que seja, é objeto da filosofia e da medicina. Para os gregos, a ciência era a busca da justa vida e do bem-viver. (Olgária Matos, Filosofia – A Polifonia da Razão, São Pulo, Scipione, 1997, pp.7-8).
terça-feira, 9 de março de 2010
1º ano - Imagem crítica da Filosofia
Atitude filosófica: indagar
Três perguntas importantes para a atitude filosófica:
Perguntar o que;
Perguntar como;
Perguntar por que.
A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.
Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando-se a si mesmo.
A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento. (Marilena Chauí, Convite à Filosofia, São Paulo, Ática, 1999, p.14).
[O que é filosofia]
(...) O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz.
E a verdade o que será? A filosofia busca a verdade nas múltiplas significações do ser-verdadeiro segundo os modos do abrangente. Busca, mas não possui o significado e substância da verdade única. Para nós, a verdade não é estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito.
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. Em suas relações com tudo quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio com outros pensadores e ao processo que o torna transparente a si mesmo.
Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, escuta o que ele diz, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e ação, desejoso de partilhar, com seus concidadãos, do destino comum da humanidade.
Eis por que a filosofia não se transforma em credo. Está em continua pugna consigo mesma. (Karl Jaspers, Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo, Cultrix, 1971, p.138).
Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem se canse de fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz. (EPICURO, A Filosofia e o seu objetivo,Coleção Os Pensadores, São Paulo, Abril Cultural,1985)
Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com a riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanto possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados. (PLATÃO. Apologia de Sócrates. Tradução Maria Lacerda de Souza)