MANIFESTO DO
PARTIDO COMUNISTA (1848) – KARL MARX & FRIEDRICH ENGELS
I.Burgueses e
Proletários[1]
A história de
toda sociedade existente até hoje tem sido a história da luta de classes.
Homem livre e
escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro,
numa palavra, o opressor e o oprimido permaneceram em constante oposição um ao
outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta,
que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária ou pela destruição
das classes em conflito.
(...)
Até agora todas
as sociedades se basearam, como vimos, no antagonismo entre classes opressoras
e as oprimidas. Mas para oprimir uma classe é preciso que lhe sejam asseguradas
ao menos condições tais que lhe permitam uma existência de escravo. O servo,
durante a servidão, conseguia tornar-se membro da comuna, assim como o
pequeno-burguês, sob o jugo do absolutismo feudal, conseguiu elevar-se à
categoria de burguês. O operário moderno, ao contrário, em vez de elevar sua posição
com o progresso da indústria, desce cada vez mais abaixo das condições de
existência de sua própria classe. Cai no pauperismo que cresce ainda mais
rapidamente do que a população e a riqueza. Torna-se, então, evidente que a
burguesia é incapaz de continuar sendo a classe dominante da sociedade, impondo
como lei suprema suas próprias condições de existência. É incapaz de exercer
seu domínio porque não pode mais assegurar a existência de seu escravo em sua
escravidão, porque é obrigada a deixá-lo cair num estado tal que deve nutri-lo
em lugar de fazer nutrir por ele. A sociedade não pode mais existir sob o
domínio da burguesia, em outras palavras, a sua existência
doravante é incompatível com a sociedade.
A condição
essencial para a existência e o domínio da classe burguesa é a formação e o
crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho
assalariado. Este baseia-se exclusivamente na concorrência entre trabalhadores.
O progresso da indústria, cujo agente involuntário é apropria burguesia,
substitui o isolamento dos operários, resultante de sua competição, por sua
união revolucionária, resultante de sua associação. O desenvolvimento da
indústria moderna, portanto, abala a própria base sobre a qual a burguesia
assentou seu regime de produção e apropriação. O que a burguesia produz
principalmente são seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do
proletariado são igualmente inevitáveis.
IV. A Posição
dos Comunistas em Relação aos vários Partidos de Oposição
(...) em toda
parte os comunistas trabalham pela união e entendimento dos partidos democratas
de todos os países.
Os comunistas
não se rebaixam em dissimular suas ideias e seus objetivos. Declaram
abertamente que seus fins só poderão ser alcançados pela derrubada violenta das
condições sociais existentes. Que as classes dominantes tremam diante da
revolução comunista! Os proletários não têm nada a perder senão sues grilhões.
Têm um mundo a ganhar.
Proletários de
todos os países, uni-vos!
Harold J. Laski
– O Manifesto Comunista de Marx E Engels. Tradução de Regina Lúcia F de Moraes,
Rio de Janeiro, Zahar Editores 1978, pp.93-94, 104-105 e 124.
[1]
Por burguesia entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos
meios de produção social que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado,
a classe dos assalariados modernos que, não tendo meios próprios de produção
são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviverem. (Nota de
F.Engels à edição inglesa de 1888).